quarta-feira, 20 de abril de 2011

Entrevistas que balançaram o governo Lula

O governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva enfrentou sua maior crise política em 2005 e 2006. O escândalo ficou conhecido nacionalmente como “mensalão”, termo cunhado pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB/RJ) em entrevista publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em 6 de junho de 2005 (http://acervo.folha.com.br/fsp/2005/6/6/2). Jefferson deu detalhes de um  esquema de corrupção no qual parlamentares da base aliada do governo receberiam periodicamente recursos do Partido dos Trabalhadores para aprovar projetos de interesse do Palácio do Planalto. 
O escândalo abalou o governo Lula e só não provocou o impeachment do presidente porque a oposição preferiu deixá-lo “sangrar” até o final do mandato. Três deputados federais, incluindo o próprio Roberto Jefferson, foram cassados. O processo de cassação mais importante foi o do ex-ministro chefe da Casa Civil da Presidência da República, José Dirceu, que pediu demissão após ser acusado por Jefferson de chefiar o suposto esquema. Zé Dirceu recorreu da cassação no Supremo Tribunal Federal, que indeferiu o pedido.
Outros quatro deputados acusados de receber dinheiro do mensalão renunciaram aos seus mandatos para não se tornarem inelegíveis: José Borba (PMDB/PR), Bispo Rodrigues (PL/RJ), Paulo Rocha (PT/PA) e Pedro Corrêa (PP/PE).

O caseiro que derrubou o ministro
Em 2006, no rastro das denúncias do mensalão, a entrevista de Francenildo dos Santos concedida ao Jornal O Estado de S. Paulo em 14 de março daquele ano provocou a queda do então ministro da Fazenda Antonio Palocci. Francenildo era caseiro de uma mansão no Lago Sul, em Brasília. O local foi apontado pela CPI dos Bingos como ponto de encontro de lobistas com políticos. Francelino afirmou ter visto Palocci diversas vezes em reuniões e festas realizadas na casa, contradizendo o ministro.
Durante a onda de denúncias, o caseiro teve o sigilo bancário quebrado pela Caixa Econômica Federal, possivelmente a mando do próprio ministro. Quando o caso veio a público, Palocci foi obrigado a renunciar. Infelizmente, a entrevista não está disponível no portal do Estadão para não-assinantes. Mas em breve ela estará disponível neste blogue. Por enquanto ficaremos apenas com a reprodução da capa do jornal daquele dia.
O escândalo do mensalão e seus subprodutos não foram suficientes para derrubar o presidente Lula, que se reelegeu em 2006. Mas redesenhou o chamado “núcleo duro” do seu governo. Com as saídas de Dirceu e Palocci, candidatos a herdeiros de Lula, a ala “técnica” do governo ganhou espaço. Guido Mantega assumiu o lugar de Palocci e Dilma Rousseff trocou o Ministério de Minas e Energia pela Casa Civil, ganhando visibilidade e depois a indicação do presidente para sucedê-lo no comando do país. Mas isto é assunto para outras entrevistas.

Cyro Viegas de Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário